sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Percepção do Ruído Urbano

Percebe-se uma grande associação entre ruído urbano e seus efeitos no organismo humano. O nível equivalente de ruído (Leq) de 65 dB(A) é considerado o limiar de conforto acústico para a medicina preventiva. A exposição contínua à valores acima desse limite pode causar distúrbios psico-fisiológicos diversos, independente da idade, tais como distúrbios no sono, diminuição da performance laboral, hipertensão,agravamento de doenças cardiovasculares. Em ambas as situações, podem ser identificados distúrbios físicos e psicológicos, ocasionados pela exposição excessiva a níveis de ruído elevados, passíveis de comprometimento à qualidade de vida. A World Health Organization (WHO, 2003) recomenda que em áreas residenciais o nível de ruído não ultrapasse o nível sonoro equivalente Leq=55 dB(A). Em adição, estipula que o nível sonoro de até Leq=50 dB(A) pode perturbar, mas o organismo se adapta facilmente a ele. A partir de 55 dB(A) pode haver a ocorrência de estresse leve, acompanhado de desconforto. O nível de Leq=70 dB(A) é tido como o nível de desgaste do organismo, aumentando os risco de infarto, derrame cerebral, infecções, hipertensão arterial e outras patologias. Ao nível sonoro equivalente de Leq=80 dB(A) ocorre a liberação de endorfinas, causando sensação de prazer momentâneo, e níveis sonoros da ordem de Leq=100 dB(A) podem levar a danos e ou perda da acuidade auditiva. 

A análise comparativa de avaliações subjetivas de habitantes de zonas de alta e baixa incidência de ruído pode fornecer subsídios que indiquem a existência de potenciais efeitos negativos para a saúde dos habitantes expostos à poluição sonora.Trata-se de uma estratégia de pesquisa que permite correlacionar os efeitos orgânicos sentidos e a percepção individual ao ruído no contexto das regiões urbanas. Além disso, pode ser corroborado pela avaliação objetiva do nível de ruído ambiental existente por meio de medições físicas. Utilizando modelo de regressão linear, indicaram que cada acréscimo de 1 dB(A) no nível de ruído, corresponde ao aumento de 1 mm/Hg da pressão sanguínea. Estudos epidemiológicos recentes sugerem que a exposição ao ruído excessivo pode causar estresse crônico, fator de risco para ocorrência de disfunções cardiovasculares.

Alguns estudos têm sido desenvolvidos no Brasil, onde resultados subjetivos e objetivos foram correlacionados. Nesse sentido, a modelagem estatística apresenta-se como ferramenta científica importante ao estudo da percepção ao ruído. O objetivo do presente trabalho foi analisar comparativamente a percepção ao ruído urbano no cotidiano dos habitantes de duas zonas distintas de uma cidade, com o intuito de caracterizá-las num perfil subjetivo a partir de indicativos gerados de um modelo estatístico. Foram realizadas avaliações objetivas do ruído urbano (medições in situ), a fim de caracterizar fisicamente os níveis sonoros de cada zona urbana, foco da avaliação subjetiva. Baseando-se em estudo realizado por Zannin et al,13 foram avaliados acusticamente 25 pontos na zona de controle (bairro) e 97 pontos na zona não controlada (centro). O estudo mostrou uma diferença de ruídos de bairro e no centro, podendo dizer que as pessoas do centro “agüentam” mais os ruídos e os do bairro quando o ruído aumenta na região já é perceptível essa mudança na maioria dos moradores. A maioria acredita que o ruído pode lhe causar prejuízos em relação à saúde. Identificou-se que cerca de 50,5% da população do bairro e 94,0% da população do centro sentem-se incomodadas pelo ruído. As diferenças encontradas é quanto ao grau de percepção do incômodo gerado pelo ruído nos indivíduos.

O esclarecimento acerca da poluição sonora é o precursor da adoção de medidas de controle, segundo Stansfeld & Matheson (2003). A avaliação subjetiva mostrou que a maioria da população estudada está ciente dos prejuízos advindos da exposição ao ruído urbano, esclarecimento considerado alto para ambas as zonas. Esse aumento no nível das emissões sonoras percebidas subjetivamente pela população é corroborado pelos resultados obtidos para a análise ambiental. Uma explicação possível para o aumento nos níveis sonoros na área de controle, é o fato de que a mesma é uma zona residencial de urbanização recente e intensa, pois a mesma dispõem de muitas áreas verdes. Nela não é permitida a construção de prédios, e a existência de comércio só é permitida na avenida central do bairro. Outro fato que colabora para o aumento no nível de ruído, é que o bairro analisado está nas proximidades de um corredor aéreo de Curitiba, e o fluxo aeroviário aumentou na cidade em face do crescente desenvolvimento industrial. O importante na zona de controle não é o aumento do nível sonoro verificado, mas sim a consciência da necessidade da preservação dos níveis atuais.

O limite estabelecido para a região central, pela Lei Municipal 10.625/200210 de emissões sonoras do município de Curitiba é de 65 dB(A) no período diurno (7-22h). Percebese então, que o nível sonoro no centro da cidade tem se mantido praticamente constante e muito acima do especificado pela Lei Municipal, apresentando portanto um grave problema de poluição sonora.

Segundo Berglund et al, a irritabilidade, usualmente, tem efeito contínuo no organismo, uma vez que sua ação ainda é percebida após a paralisação ou atenuação do ruído. Isso é característico da exposição a ruídos de alta freqüência e é um parâmetro precursor para a perda auditiva a sons nessa freqüência. A baixa concentração e a irritabilidade estão no grupo de efeitos orgânicos de segunda categoria (fisiológicos de atenção). Em adição, o ruído oriundo do tráfego de veículos foi indicado como o tipo de ruído que causa maior incômodo, o que corrobora o resultado dos principais efeitos orgânicos indicados pela população.

Pode-se dizer que os indicadores gerados são a percepção temporal, percepção de ruídos atípicos e fontes e distúrbios que podem servir de parâmetros para caracterizar a percepção à exposição contínua ao ruído pela população. O que pode-se concluir é que tanto nos centros urbanos como nos bairros é perceptível o aumento ou diminuição de ruídos, e o que está acontecendo cada dia é o aumento de moradores e veículos, aviões etc.. então isso ocasiona um aumento de poluição sonora, até mesmo uma construção ao lado de alguma casa já aumenta esse ruído, formando um incomodo e mudanças de humor e no comportamento das pessoas perto desse tipo de exposição de ruídos.

Fonte:  É um resumo do ARTIGO : ESTUDO COMPARATIVO DA PERCEPÇÃO DO RUÍDO URBANO por Elaine Carvalho da Paz, Andressa Maria Coelho Ferreira e Paulo Henrique Trombetta Zannin

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